Confundia arrogância com confiança
Via-se como não era
Realmente eloquente
Minhoca que se considerava serpente
Amava o poder e odiava a autoridade que não a sua
Não respeitava nada,
Pouco polido, quase uma caricatura
A soberba o antecedia como sirene de viatura
Não passava despercebido na rua
Sempre discordava do coro dos contentes
Proferia a última palavra e não admitia contestação
O senhor da verdade, a autoridade suprema
Ignorava o mundo e chamava muita atenção
Mas tinha dinheiro e sobrenome
Prestígio, mulher do ano, carrão
Extravagante e exibicionista de plantão
Tomava um bom destilado,
Sempre rodeado pela falange de oportunistas
Afastava o tédio no clube de campo
Dizia-se homem santo
Embriagado pelo poder
Da cobertura da praia sequer notava a grandiosidade do pôr do sol
Na verdade era incompetente com crônica infelicidade
Não reconhecia a pobreza ou indignidade
Via a sociedade apenas nas cercanias de seu condomínio de luxo
Corajoso só quando tinha bala no cartucho
Avistava a cidade pelo vidro escuro do carro blindado
Acostumou-se a ser adulado
Convenientemente cego para a dor no próximo
Não enxergava ninguém acima de si
Levou muito tempo e esforço para estar ali
Lamentavelmente perdeu-se no caminho da vaidade
Esqueceu a caridade
Poderia ser diferente e até admirado
Egoísta nato, um nobre e pobre coitado
Autora: Eliara do Vale
Jornal da Cidade _ Bauru SP
19.03.2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário